Depois de mais de oito horas de espera, o goleiro Bruno deixou a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava detido desde 2015. Acompanhado pela esposa Ingrid Calheiros, advogados e amigos, Bruno deixou o pavilhão sorrindo e cumprimentou as pessoas que o aguardavam no pátio (confira no vídeo acima). O jogador não deu entrevistas e seguiu rumo a um sítio nas proximidades da capital mineira, cuja localidade não foi revelada.
Mais cedo, Bruno recebeu um habeas corpus da Justiça, permitindo que recorra em liberdade da condenação pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver da modelo Eliza Samudio. A liminar foi deferida na noite de quinta-feira pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A expectativa dos advogados era de que o goleiro fosse solto no fim da manhã desta sexta. No entanto, o alvará de soltura foi enviado pelo STF à comarca de Contagem. Só no fim da tarde o documento chegou ao Fórum de Santa Luzia. De lá, um oficial de justiça seguiu rumo à Apac para determinar a soltura. Após deixar a prisão, o goleiro está liberado para trabalhar, jogar e também viajar para o exterior, desde que informe à Justiça onde possa ser encontrado. Segundo Lúcio Adolfo, advogado do jogador, Bruno teve sondagens de alguns clubes, inclusive de fora do Brasil, para atuar profissionalmente.
Ao G1, Adolfo explicou que Bruno está preso apenas pelo processo relacionado à morte de Eliza, já que em 2010 o jogador foi condenado por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra a modelo. Em entrevista ao GloboEsporte.com em maio de 2016, Bruno afirmou que pretende voltar a jogar e que treinava no presídio. Ele também revelou ter tentado suicídio.
Condenação
Em 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele, porém, está preso desde 7 de julho de 2010.
Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Embora já tenha sido condenado, Bruno estava preso preventivamente, enquanto aguardava o julgamento de sua apelação ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Marco Aurélio entendeu que há excesso de prazo nessa prisão e que o goleiro tem direito a aguardar em liberdade a decisão sobre os recursos. Depois de julgados os recursos, caso a condenação seja mantida, ele deve voltar para a prisão.
Fonte: Globoesporte/foto:Foto: Flávio Tavares/Hoje Em Dia/Estadão Conteúdo/Divulgação