Na mochila que alguns estudantes de escolas municipais de Feira de Santana levavam para a escola não tinha apenas livros, lápis e cadernos. Misturados ao material escolar, cerca de 20 armas brancas, como facas, punhais e peixeiras. Até réplicas de revólver idênticas aos originais foram encontradas, até ontem, pela Guarda Municipal, durante uma operação intitulada Paz nas Escolas.
A operação também apreendeu alguns estiletes de fabricação caseira, feitos com partes de caneta e gilete, e dois cachimbos de crack, mas o comandante acredita que havia mais droga escondida com os alunos. "O crack é fácil de camuflar. Se jogado no chão, ele se mistura facilmente com a terra”, explica o comandante geral da Guarda Municipal de Feira de Santana, Marcos Vinícios Alves dos Santos.
A ação, que envolve palestras educativas e apreensão de armas nas instituições de ensino, teve início no dia 8, dia seguinte ao atentado que deixou 12 crianças mortas numa escola no Rio de Janeiro. Pura coincidência, é o que garante o comandante. "A iniciativa foi motivada por denúncias de ameaças de morte e tráfico de drogas dentro das escolas”.
Num caso que o surpreendeu, um menino de 11 anos, incentivado pelo tio, levou um punhal na mochila para matar o colega de classe que deu um chute nele no dia anterior. "O tio disse que não era pra ele voltar ‘apanhado’ pra casa”, contou.
Outro aluno, de 13 anos, portava uma peixeira para se ‘defender’ dos colegas que o perturbavam. Na escola Chico Mendes, no bairro de Campo Limpo, um ex-aluno, de 17 anos, ameaçou a professora de morte, porque, segundo o comandante, ele queria "mandar no pedaço”.
Prevenção
Ninguém foi preso, pois a campanha é apenas educativa, mas os pais dos alunos flagrados foram notificados. A intenção do projeto é visitar todas as escolas municipais de Feira, o que atinge cerca de 50 mil alunos.
A diretora Romilda Dias de Carvalho, da escola Ana Brandoa, no bairro do Tomba, não vê a hora de a iniciativa chegar na instituição onde trabalha. "Não vai resolver completamente o problema da violência, mas ameniza a situação, porque o aluno vai refletir mais antes de fazer alguma coisa”, opina. Ela conta que na Ana Brandoa já houve algumas suspeitas de alunos portando armas ou drogas, mas a direção preferiu não investigar por respeito à privacidade dos estudantes.
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